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Ex-São Paulo comenta saída antes da final de 2000 e sobre culpados por título que não veio: ‘Chorei muito, tiraram de mim’

Vágner (camisa 7) posa para foto antes da final do Paulista de 2000 Acervo / Gazeta Press
Vágner (camisa 7) posa para foto antes da final do Paulista de 2000 Acervo / Gazeta Press

Nos últimos 23 anos, o ex-meio-campista Vagner perdeu a conta de quantas vezes ouviu essa frase dos torcedores são-paulinos sobre a final da Copa do Brasil de 2000 entre São Paulo vs Cruzeiro.

Vágner (à esquerda) disputa lance com Edu, do Corinthians Acervo/Gazeta Press
Vágner (à esquerda) disputa lance com Edu, do Corinthians Acervo/Gazeta Press

A derrota de virada para o Cruzeiro no Mineirão foi a única decisão que o clube paulista tomou no torneio. Agora, mais de duas décadas depois, o Tricolor enfrenta o Flamengo na final, que começa neste domingo (17) no Maracanã e termina uma semana depois (24) no Morumbi.

Vagner foi um dos principais destaques do Tricolor no primeiro semestre de 2000. Com a camisa 7 e habilidades impressionantes, o meia teve destaque na vitória do Campeonato Paulista sobre o Santos, mas ficou sem contrato poucos dias antes dos jogos contra o Cruzeiro.

O São Paulo teve um ano para me contratar.”

disse o ex-jogador, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.

Queria ficar e vencer esse titulo que o clube não tem até hoje. Ficou algo meio obscuro porque eu saí como se tivesse abandonado o São Paulo e eu não tive a oportunidade de esclarecer. O São Paulo jogou nas minhas costas, mas, se tivesse contrato, como eu iria abandonar o São Paulo?”.

Vagner chegou ao Morumbi em 1999 por empréstimo a pedido do técnico Paulo César Carpegiani. Porém, a saída do treinador e a chegada de Leviro Culpi no ano seguinte mudaram a situação.

Ficou uma coisa muito ruim porque o Levir queria trazer o Ricardinho, do Cruzeiro. Mas eu fiquei quieto e demonstrei minha competência. Não tinha problemas com o grupo e nem inimizades porque sempre fui profissional”.

Segundo Vagner, o problema foi a ausência de acordo financeiro com Paulo Amaral, então presidente do São Paulo. Segundo relatos da época, o clube concordou em pagar à Roma 4 milhões de dólares para manter o meio-campista em caráter permanente, mas as negociações estagnaram.

O Paulo não falou a verdade para a torcida. Para fazemos o acerto, dei várias possibilidades para ele. Ele falou não. Eu disse: ‘Tenta pelo menos ver com a Roma para eu jogar as finais e depois a gente conversa’. Você acha que a Roma não me liberaria para jogar as finais? Mas o Paulo não fez isso. O Levir também não me queria no São Paulo e foi bem claro nisso.”

A última partida do meio-campista foi uma vitória por 3 a 0 sobre o Atlético MG no jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil. Sem acordo para prorrogar seu contrato, que expirou em 30 de junho, ele foi afastado do jogo de volta, que terminou com empate em 3 a 3 em Belo Horizonte.

Lembro que estavam só os jogadores no vestiário e eu agradeci ao pessoal, que me abraçou. Viram que eu estava emocionado”.

Vagner assistiu de longe à final contra o Cruzeiro, que aconteceu nos dias 5 de julho (empate em 0 a 0) e 9 de julho (o Cruzeiro venceu por 2 a 1).

Chorei muito junto com a minha mãe vendo esse jogo e até hoje me emociono ao falar sobre isso. Eles tiraram isso de mim, tanto o Paulo Amaral quanto o Levir. Eu poderia ter sido campeão da Copa do Brasil e ter feito parte da história. Tenho guardadas algumas entrevistas do Rogério Ceni, do Belletti e do Raí dizendo que não conquistaram o título pela minha saída. Eu estava num momento especial”.

Embora tenha sido cogitado para a seleção brasileira, então comandada por Vanderlei Luxemburgo, o ex-meio-campista diz que recusou ofertas do Corinthians e do Grêmio com a esperança de continuar no São Paulo. Eventualmente, Vagner mudou-se para o Celta de Vigo, onde jogou quatro temporadas antes de se aposentar.

Foi uma pena o São Paulo não ter insistido na minha contratação. Não abandonei o clube e não poderia jogar porque estava sem contrato. Era empregado da Roma. Minha intenção era ficar porque é o time do meu coração e a torcida eu amo de paixão”.

Quase 23 anos depois, Vágner ainda tem carinho pelo clube do Morumbi e torce para que o título que lhe escapou em 2000 aconteça agora.

Tenho um sentimento pelo São Paulo de gratidão. Não tenho mais redes sociais, mas quando eu tinha, recebia muitas mensagens dos torcedores. Espero que conquiste o título desta vez”.

finalizou