Nos primórdios de sua trajetória, o São Paulo Futebol Clube estabeleceu suas raízes na Chácara da Floresta, situada às margens do rio Tietê, próximo à Ponte das Bandeiras, na zona central de São Paulo. Essa fase inicial, que se estendeu de janeiro de 1930 a maio de 1935, é conhecida como o período do São Paulo Futebol Clube da Floresta.
Após sua refundação em dezembro de 1935, o clube enfrentou a ausência de um campo próprio até 1938, quando uma parceria com o Estudante Paulista concedeu ao São Paulo o campo da Mooca. Somente em 1940 é que o clube passou a utilizar o Estádio do Pacaembu como sua casa.
Em 1944, o São Paulo adquiriu o Canindé, que serviu como sede social e local de treinamento, embora fosse considerado pequeno demais para a ambição do clube. Isso motivou a busca por um estádio grandioso.
O sonho de um estádio monumental começou a se concretizar, inicialmente com a ideia de utilizar a área que hoje abriga o Parque do Ibirapuera, mas um impedimento político alterou os planos. O clube então adquiriu uma área no Jardim Leonor, região do Morumbi, praticamente desabitada na época.
Em dezembro de 1951, o São Paulo comprou esses terrenos. No ano seguinte, o presidente do clube, Cícero Pompeu de Toledo, buscou apoio do diretor do Bradesco, Laudo Natel, propondo uma parceria administrativa.
Em 15 de agosto de 1952, os terrenos foram abençoados e lançada a campanha Pró-Construção do Estádio do Morumbi. Uma comissão liderada por Cícero Pompeu de Toledo foi formada, incluindo nomes como Piragibe Nogueira, Luís Cássio dos Santos, Amador Aguiar, entre outros, para dar vida ao ambicioso projeto.
A saga para construir o maior estádio particular do mundo começou com um grupo determinado de homens ligados ao São Paulo Futebol Clube. Eles tinham um sonho ambicioso: erguer uma arena grandiosa que se tornasse o orgulho da torcida tricolor. Assim, uma nova era na vida do clube se iniciava.
Parte do dinheiro proveniente da venda do Canindé, cedido à Portuguesa de Desportos em 1956, foi destinada à aquisição de materiais de construção. Todo o faturamento do São Paulo Futebol Clube também foi direcionado para a construção do estádio do Morumbi, colocando o time em segundo plano. As obras para a realização desse grande projeto começaram em 1953.
O projeto do estádio do Morumbi foi concebido pelo renomado arquiteto Vilanova Artigas, um dos principais expoentes da arquitetura moderna paulista. Os números relacionados à grandiosidade do estádio impressionam: foram necessárias 370 pranchas de papel vegetal para desenvolver o projeto; cinco meses foram dedicados a terraplanagens e escavações, movimentando cerca de 340 mil metros cúbicos de terra; um córrego precisou ser canalizado; o volume de concreto utilizado equivalia à construção de 83 edifícios de dez andares; os 280 mil sacos de cimento utilizados, se alinhados, cobririam a distância entre São Paulo e o Rio de Janeiro; além disso, foram utilizadas 50 mil toneladas de ferro, suficientes para circundar a Terra duas vezes e meia.
O Estádio do Morumbi não se limitou a sediar partidas de futebol; ele também foi palco de grandes eventos musicais. Desde o megashow do Queen em 1984 até as apresentações da Madonna em 1993 e da banda U2 em 2006, o estádio testemunhou momentos históricos da música.
Em determinado momento, a prefeitura propôs uma troca: o São Paulo ficaria com o Pacaembu e a prefeitura com o Morumbi. No entanto, Laudo Natel, com o apoio da diretoria, continuou a lutar pelo Morumbi, mesmo após a morte de Cícero Pompeu de Toledo. Tamanha dedicação para construir o maior estádio particular do mundo merecia uma inauguração grandiosa.
E assim foi. Em 2 de outubro de 1960, o estádio foi inaugurado em uma partida emocionante entre o São Paulo Futebol Clube e o Sporting Lisboa, com vitória do São Paulo por 1 a 0. O primeiro gol do Morumbi foi marcado por Peixinho, diante de uma multidão de 56.448 pessoas.
A inauguração oficial do Morumbi ocorreu em 25 de janeiro de 1970, com uma partida entre São Paulo e Porto, que terminou empatada em 1 a 1. O estádio foi prestigiado pelo presidente da República e pelo governador do estado. Desde então, o Morumbi foi palco de diversas glórias tricolores, incluindo a conquista do tricampeonato da Copa Libertadores da América.
Para atender aos requisitos estabelecidos pela CONMEBOL e receber jogos de nível internacional, o Estádio do Morumbi passou por uma significativa reforma em preparação para a Copa América 2019. Dentre as diversas melhorias implementadas, destacam-se a ampliação dos vestiários e a construção de um novo túnel de acesso ao gramado. Anteriormente, os times acessavam o campo por túneis distintos, mas agora contam com uma entrada unificada, proporcionando maior comodidade e fluidez.
Uma das mudanças mais marcantes foi a adaptação do estádio para a utilização do VAR (árbitro de vídeo). Para isso, a sala de audiovisual do estádio foi modernizada e equipada para receber a equipe de árbitros capacitados para operar esse recurso tecnológico. Além disso, dois novos telões foram instalados nas arquibancadas, proporcionando uma experiência visual aprimorada para os espectadores.
Essas melhorias foram realizadas durante a gestão do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, visando modernizar e adequar o Estádio do Morumbi aos padrões exigidos para sediar eventos de grande porte, como a Copa América. Um novo e moderno sistema de refletores também foi instalado, triplicando a capacidade de iluminação em relação ao equipamento anterior.
A estreia dos novos telões ocorreu em 14 de junho de 2019, durante a abertura da Copa América no Morumbi, que contou com o jogo entre Brasil e Bolívia. Além desse jogo, o estádio recebeu mais duas partidas da primeira fase da competição. Posteriormente, o primeiro jogo do São Paulo com os novos telões aconteceu em 14 de julho, em um clássico contra o Palmeiras, válido pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro.
A participação do Estádio do Morumbi na Copa América 2019 foi resultado de um processo de candidatura iniciado em 2018. Inicialmente, estavam na disputa a Arena Corinthians e o Allianz Parque. No entanto, o Allianz Parque optou por se retirar, alegando compromissos comerciais. Com isso, foi decidido que São Paulo teria dois estádios sediando os jogos: o Estádio do Morumbi e a Arena Corinthians.
O novo memorial do clube será expandido para proporcionar aos são-paulinos uma visão abrangente das grandes histórias dos 76 anos do São Paulo, um dos clubes mais vitoriosos do futebol brasileiro. Este espaço será dedicado a celebrar as conquistas e os momentos marcantes da história do clube, oferecendo aos visitantes uma imersão na rica trajetória tricolor.
Além disso, o estacionamento passará por uma expansão para oferecer mais vagas, atendendo à demanda crescente dos frequentadores do estádio. Parte dessas vagas será destinada ao estádio e será distribuída em dois andares, enquanto o restante estará disponível para uso do hotel adjacente.
Uma das etapas da reforma que já foi concluída é a pista de atletismo do Morumbi. Com 450 metros de extensão a céu aberto, essa pista apresenta um piso feito do mesmo material utilizado no Complexo Ninho do Pássaro, em Pequim, durante as Olimpíadas de 2008. Sua inauguração foi marcada pela presença da campeã olímpica do salto em distância em Pequim, Maurren Maggi.
Esta pista de atletismo não apenas oferece uma oportunidade para os sócios do clube praticarem atividades físicas, mas também está disponível para os frequentadores da academia CIA Athletica. Além disso, por meio de um projeto social do SPFC, crianças de Paraisópolis têm acesso a esse espaço, proporcionando-lhes oportunidades para se envolverem em atividades esportivas e promovendo a inclusão social por meio do esporte.
