Por Gabriel Caserta
Nem os torcedores do São Paulo mais otimistas imaginariam uma volta à final da Copa do Brasil nesses anos. O último sonho foi em 2020, todavia deparou-se com a muralha gaúcha de Renato Gaúcho.
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Em 2023, o primeiro sorteio da Copa do Brasil nos deu o time paulista, Ituano. Time que fez uma campanha medíocre na fase de grupos, mas eliminou o Corinthians em um bom jogo. O São Paulo não vinha de boa fase, jogando mal e sendo eliminado para o Água Santa. Porém passamos em um jogo simples.
O próximo sorteio foi o Sport de Recife. Time que não havia perdido em 2023. E quase fomos eliminados, com um excelente jogo fora de casa – talvez um dos únicos no corrente ano e um péssimo jogo dentro de casa. Foi nos pênaltis. No sufoco.
São Paulo superou dois rivais para chegar à final da Copa do Brasil
O sorteio das oitavas deu o Palmeiras. O confronto paulista mais divertido e guerreado dos últimos anos. Paulista 2021, Libertadores 2021, Paulistão 2022, Copa do Brasil 2022. Estava 2 a 2. Com um Alviverde recém campeão do Brasileirão e do Paulistão. A ser decidido no Allianz Parque.
Ali, os pensamentos gerais já contavam com uma possível eliminação. E era um pensamento otimista, tanto para a previsão financeira, quanto para torcedores. E aí foi quando o São Paulo virou a chave.
Jogadores contestados cresceram. Os jogos que mostraram que o passar dos anos deixaram o time cascudo e acostumado com decisões. O melhor time do continente não foi páreo nos dois jogos. Humilhado. Confrontado. Botado na roda. Nunca foi visto um Palmeiras tão amedrontado e recuado. Não machucou nem um pouco os jogadores são-paulinos. Engolidos em campo e na arquibancada.
Mas óbvio que uma boa epopeia não conta com caminhos fáceis. O chaveamento trouxe logo o rival que mais o Tricolor Paulista tem desvantagem em mata-mata: Corinthians. Até o jogo rolar muito mudou.
O time de Itaquera estava em baixa e tendo péssimos desempenhos. O São Paulo estava em alta. Mas foi a partir deste confronto que tudo mudou. Aquela escrita do roteirista conhecida como Deus ex machina, presente em todas as jornadas do herói.
O primeiro jogo, em Itaquera, o ambiente era favorável ao Tricolor. Porém, um Renato Augusto abençoado decidiu representar sua alcunha recente, Rei. Mas o resultado era esperado. O time jogou melhor, porém é normal empatar ou perder em Itaquera. Porém estaríamos sem Luciano. O jogador mais decisivo da década. O medo estava presente.
Aí tudo virou. O roteirista mudou a história que deixou o Tricolor no topo das contratações.
Em uma notícia vinda do nada, James Rodriguez estava próximo do São Paulo. Contrato de dois anos, salário modesto. Uma ida à final da Copa pagaria o seu preço. Mas não parou por aí.
O jogador mais desejado para seu retorno, voltou. E não em fim de carreira. Lucas Moura assinou um contrato de poucos meses para atuar nesse fim de temporada. Os são-paulinos foram à loucura. A história mudou. Os pensamentos mudaram. E não só para este jogo.
A estreia dos jogadores era esperada, mas tudo poderia correr de cabeça para baixo. O time ia jogar duas eliminações em sua casa, com o placar contra si. Tinha que correr contra o relógio. E a torcida abraçou. A torcida foi o 12º jogador. O time mais popular admitiu seu apelido.
Contra o San Lorenzo, um jogo seguro e com bela atuação. Um Morumbi com mais de 50.000 pessoas.
Contra o Corinthians, a torcida fez o seu maior espetáculo do século. Uma recepção de tirar o fôlego, uma festa de se admirar. Uma noite de libertadores e de terror em uma Copa do Brasil. Desde o aquecimento já se sabia quem seria o vencedor do confronto. Dito e feito.
Um massacre aconteceu em campo. Um São Paulo compacto, seguro, ágil, veloz, batalhador, irônico. Um time cheio de personalidade diferente e com um único objetivo: aniquilação. Fez o que quis com o fraco time do Corinthians. Seu melhor jogador não foi visto. Apenas reclamando com seu treinador.
Uma noite histórica para todos os jogadores presente em campo. E o placar foi revertido em menos de 40 minutos. Um blietzkrieg sem precedentes, de deixar qualquer exército com inveja. Uma aula defensiva e ofensiva dos jogadores. E uma aula de Cotia.
Pablo Maia e Beraldo pareciam jogadores experientes de 30 anos comandando uma seleção. Lucas parecia ter 18 anos novamente. Estavam fazendo chover em campo.
Rafinha mostrando que idade, no futebol, é só um número e que sua liderança é incontestável. Alisson mostrando que não é imprestável e que o time não pode jogar sem ele. Rato mostrando porque foi escolhido para jogar neste time. Rafael em noite de Rogério Ceni. Estava escrito para acontecer. É a jornada do herói sendo concretizada.
O apito final soou. Os jogadores se derramam ao chão. Os gritos ecooam em direção ao céu da capital. Os torcedores em histeria da felicidade. Os jogadores em meio ao choro e a felicidade diante da atuação.
Lucas, em uma volta a lá Raí, acabou com o rival. Ajoelhou, agradeceu Jesus, beijou o escudo, agradeceu a torcida e chorou. Disse que uma noite jamais vivida em sua carreira. Voltou e, em duas semanas, já é líder do time. Sabe que tem que entrar pelos são paulinos. E todos abraçaram a ideia, um grupo unido jamais visto nos anos recentes.
Após 23 anos estamos de volta a final, e contra o time mais rico da América do Sul. Aquele que eliminamos em 2021 e nos eliminaram em 2022. O ex-time do técnico Dorival Jr. Parece que foi escrito para que esses personagens se encontrassem nessa ocasião.
A epopéia só tem mais uma fase. Mais um adversário. E, se conquistado, será um dos maiores títulos do time. O primeiro e eliminando os 3 maiores rivais. Um torneio que pode consagrar vários jogadores na história do clube, inclusive os transformando em ídolos.
Que o roteirista continue ao nosso lado e a história possa ser escrita.
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