Por Gabriel Caserta*
Por graças de uma entidade superior, minha coluna vai sair justamente no dia
posterior ao jogo o qual consegui estar presente fisicamente para assistir. Minha última vez em um estádio foi em 2020, assistindo um mísero 0 a 0 contra o Grêmio para acompanhar o, hoje preso, Daniel Alves.
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Meu histórico não é favorável. Minha primeira vez assistindo o São Paulo, foi em Marília, pelo Campeonato Paulista de 2008. Consegui ver dois belos gols de Hernanes, com sua comemoração padrão de bicicleta, mas perdeu de 3 a 2.
Minha primeira Libertadores foi o fatídico dia do Atletico Nacional em 2016. Até o dia 19/01/2023 fazia 14 anos que eu não via um gol do São Paulo em estádios (nunca vi um no próprio Morumbi); e, pior, 23 anos que eu não via uma vitória ao vivo.
Era o dia de tentar lavar a alma. Não à toa, nós paulistas do interior estamos presenciando uma época enorme de chuvas fortes e recorrentes. Não foi diferente, com viagem cheia de chuva e chuva leve até entrar no estádio. Pisei na Arena Fonte Luminosa com a sensação de que minha “maldição” tinha saído.
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O Tricolor paulista não vem com bons laços com seu torcedor, especialmente o
Rogério Ceni, e o Campeonato Paulista está sendo um espetáculo de testes,
tanto para os jogadores que vêm do ano passado, quanto para os novos. Era o dia de estreia do mais novo volante estrangeiro, Jhegson Mendez. Uma contratação excelente pelo São Paulo, mas criticada pelo excesso de jogadores que realizam a função.
Também era a estreia de David, jogador do qual não irei falar de suas habilidades ou do que penso, mas é o queridinho do Rogério desde que foi seu jogador no Fortaleza. David já tinha viajado com a equipe para o jogo sem nem mesmo ter sido anunciado para os torcedores, nem registrado no BID.
E começou titular. Do outro lado uma equipe promissora da Ferroviária, com Ytalo sendo o camisa 9, John Kennedy o ponta, Heitor, do Internacional, seu lateral. Podia ser um jogo complicado.
Logo no comecinho do jogo, por falta boba de Welington, eu e meu amigo comentamos “é, é a cara do São Paulo tomar gol”, um campo alagado, a bola não rolava, uma bola parada na entrada da área? Era o que a Locomotiva queria.
Cobraram, sobrou na entrada da área e Heitor mandou pra dentro, fora da área. Golaço. O resto do primeiro tempo foi morno, com belo domínio do São Paulo, mas o campo não ajudava. É, talvez minha alma não seria lavada nesse jogo.
No segundo tempo o campo deu uma melhorada, mas o estreante Alan Franco
talvez não estava acostumado com campos dessa qualidade. Sofreu com os passes e com o correr da bola, mas não fez uma estreia ruim. Foi seguro nos botes, na recuperação ao lado de Ferraresi, que, pra mim, ameaça a titularidade de Arboleda e Diego Costa (quando voltarem 100%). Ele vem sendo um jogador muito importante, seguro, alto, veloz. Estamos presenciando um possível “zagueiraço” em solos brasileiros.
O tão criticado Wellington Rato, em seus dois
jogos, vem calando o torcedor. Assistindo dentro do campo, parece um jogador onipresente, com boa consciência de movimentação, posicionamento e decisões. Volta para buscar a bola, ajuda na recomposição, marca, corre, faz suas dobradinhas com Igor Vinícius, e melhor: não tem medo de tentar. Chuta de longe, chuta quando não dá, cobra faltas diretas. Quase fez uns dois golaços. Para mim, o melhor da partida.
Veremos contra time mais fortes, mas até aqui, Rato vem se demonstrando um jogador essencial para times que prezam pelo tático. Estava um jogo com domínio do São Paulo, mas a bola não entrava.
Boas defesas do goleiro, travessão, estava complicado. Mas em um belo momento, a
bola sobrou para um cabeceio de David. Não entendi nada no começo, não tinha parecido que entrou até o bandeirinha confirmar. E o estádio foi à loucura. O meu primeiro gol depois de 14 anos foi do David. Em sua estreia.
O jogo estava parelho, com boas chances do time da capital, com uma excelente atuação do Igor Vinicius, que vem se demonstrando cada vez mais um dos melhores laterais do Brasil. Corre, dribla, dá carrinho, se mata em campo. Esse garoto é especial. Mas um infeliz desempenho da cria de Cotia, Pablo Maia, prejudicou o time. Dois amarelos. Expulsão. Jogo fora de casa com um a menos.
O desespero na arquibancada reinou. Mas não em campo. O time parecia que estava com um a mais. Calleri brigando por todas. Os laterais voltando e avançando na área. Belas chances. Mas precisava mudar, e Rogério fez.
Colocou Nestor, Galoppo, Rafinha e Pedrinho. O primeiro, foi responsável por dois grandes passes, deixando, no primeiro, Calleri na cara do gol, em lance em que ele não conseguiu finalizar. O segundo, para Pedrinho, no fim do jogo, mas o número 20 da Ferroviária conseguiu tirar a bola em uma bela recuperação.
Pedrinho, que foi titular no primeiro jogo e não foi bem, esteve flutuando em campo. Recebia a bola, driblava, brincava com os adversários. Corria e arriscava. Seus poucos minutos foram um deleite aos olhos dos torcedores. Mas, ainda estava empatado. Eu não queria ver mais um jogo empatado. Entretanto, estava complicado. O time estava tentando, dominando a partida.
Em uma bola lançada, perto do fim da partida, para Calleri, que correu e correu, brigando com dois jogadores, realizando o que faz de melhor, sendo o pivô, o guerreiro contra as defesas adversárias, o herói que nunca cansa, que apanha e que continua em pé, fez o time avançar seus jogadores para realizar mais um ataque.
A bola da direita inverteu para a esquerda, e uma bela jogada de Pedrinho com Wellington, foi para a cabeça de Calleri. Ele cabeceou. Se a bola
ia entrar ou não, nunca saberemos, mas o garoto mais caro da história do São Paulo apareceu, com sentimentos à flor da pele para cabecear e confirmar o gol. Galoppo marca. O time vira com um a menos e mais uma vez a torcida vibra e vai à loucura. Eu finalmente consegui acabar com a maldição das vitórias.
Precisou levar uma vida, mas consegui. E com excelentes atuações de todas as contratações realizadas pelo São Paulo.
Mas não posso deixar um nó solto. Preciso falar de Jhegson Mendez. Baixinho, forte, um verdadeiro capitão. Organizou o jogo do São Paulo até ser substituído por Luan – que entrou muito bem. Realizou passes curtos, comandou a movimentação da defesa e do ataque. Seus passes longos são certeiros. Errou alguns, tudo bem. Mas demonstrou ser um jogador de mudança de patamares. Não só um jogador que vai morder e defender, mas um general que dá a luz para seu exército. Foi uma estreia magnífica por parte do equatoriano.
Com toda certeza vai ser ele e mais 10, e vai ser um jogador importante, e que o time precisa. Precisa de alguém que comanda. Que acalma o jogo. Que busca passes.
Por fim, foi uma partida ótima. Todos demonstraram estar com vontade e a fim do esquema organizado pelo Rogério. Este, por sua vez, vai conseguir utilizar seu esquema preferido. Sair com os pés, com pontas velozes e que buscam jogo.
O time ainda vai testar todos os seus jogadores, precisa se resolver com a questão dos estrangeiros, mas vem se moldando para, mesmo parecendo um onze inicial que não condiz com o tamanho do São Paulo, mas condiz com o momento. Wellington finalmente vai ser titular, Igor Vinicius do outro lado. A zaga está resolvida. Temos bons volantes e um excelente nove. Agora precisamos ver a questão das pontas e do meia criador. Luciano não vai conseguir se manter nessa função. Mas para isso há Nestor e Galoppo. Veremos como Rogério vai organizar seus jogadores. Foi um bom jogo.
Agora uma semana difícil espera para o tricolor. Palmeiras, Portuguesa e Corinthians. Veremos como se desempenham com times maiores, apesar destes não estarem em seus melhores momentos. Mas testes são testes.
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